Como ter um bom relacionamento com as pessoas, como lidar com a violência, como se adaptar à perda de um ente querido - essas questões fazem parte da vida da maioria das pessoas. E todas elas derivam de outra ainda maior: Como viver? A pergunta, que dá título ao livro de Sarah Bakewell, é o ponto de partida da escritora e pesquisadora de livros raros para a biografia pouco convencional de um dos mais importantes pensadores do Renascimento: Michel Eyquem de Montaigne (1533-92). O mesmo questionamento foi fonte de obsessão para pensadores do século XVI, principalmente para Montaigne, apontado como o primeiro indivíduo verdadeiramente moderno. Homem da nobreza, alto funcionário público e dono de um vinhedo, ele traduziu em palavras seu pensamento e sua experiência, e o resultado foi um marco de ruptura com o passado medieval e a instauração de um pensamento reflexivo, que marcou o protótipo do homem renascentista. Excêntrico, preguiçoso, inconsistente, esquecido, Montaigne é o filósofo que quebrou um tabu e falou de si mesmo em público. Mais de quatrocentos anos depois, a honestidade e o charme do ensaísta francês continuam atraindo admiradores. Leitores o procuram em busca de companhia, sabedoria, entretenimento - e em busca de si mesmos. O livro relata a história de sua vida por meio das perguntas que ele mesmo se fez e das tentativas para responder as questões formuladas. Como viver é uma fonte de pequenos conselhos: ler muito, mas manter a mente aberta; ser sociável, mas reservar a si um "quartinho" próprio; observar o mundo a partir de ângulos diferentes, evitando assim rigidez nas crenças. Embora não tenha encontrado uma resposta definitiva, Montaigne nunca deixou de fazer a pergunta "como viver?", isto é: como balancear a necessidade de sentir-se seguro à necessidade de sentir-se livre? Publicado em nove países e premiado com o National Book Critics Circle Award por melhor biografia e o Duff Cooper Prize, da Inglaterra, além de eleito um dos dez melhores livros de 2010 pela Library Journal's, o ensaio de Sarah Bakewell busca trazer para os dias atuais as reflexões de Montaigne, ao demonstrar a pertinência de suas perguntas mesmo após quase 500 anos de sua morte