Publicado originalmente em 1935, Calunga é, em grande medida, fruto do assombro de Jorge de Lima diante do sofrimento humano, que conheceu muito de perto nas inúmeras viagens que fez pelo interior alagoano como médico. Mais conhecido do grande público por sua importante obra poética, o autor se revela aqui também um imenso romancista.
Publicado originalmente em 1935, Calunga é, em grande medida, fruto do assombro de Jorge de Lima diante do sofrimento humano, que conheceu muito de perto nas inúmeras viagens que fez pelo interior alagoano como médico. Mais conhecido do grande público por sua importante obra poética, o autor se revela aqui também um imenso romancista.
Lula Bernardo regressa ao interior de Alagoas na intenção de reencontrar sua família e trazer as boas-novas da modernidade à terra natal. Influenciado por tudo o que leu e viu na cidade grande, pretende salvar os habitantes da ilha de Santa Luzia de uma vida miserável e repleta de doenças. Mas suas ideias encontram um ferrenho opositor: o coronel Totô de Canindé, personagem que encarna o latifúndio, a incivilidade e, principalmente, a violência. Nas falas de Totô podemos identificar os códigos de segregação racial e social que, até hoje, dizem muito sobre o nosso país.
Jorge de Lima, ao contrário de tantos gigantes da nossa literatura que fundaram suas obras na paisagem seca e flagelada do Nordeste -- como Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Graciliano Ramos --, ambientou seu Calunga na terra ensopada dos mangues, em meio a chuvas torrenciais, no lamaçal açoitado pelo vento e o frio úmido. Uma região devastada pelo descaso e pela ganância, com consequências terríveis para aqueles que tiram da lama o seu sustento.
"Jorge de Lima sempre teve esse olhar solidário e piedoso em relação aos oprimidos, uma das marcas de sua poesia; dessa vez, porém, ele quer tomar parte na luta, ao lado dos oprimidos." -- Claufe Rodrigues, no prefácio deste livro
"O clima da obra é o da indignação." -- Antônio Rangel Bandeira
"Há no livro uma espécie de força genésica que não abandona nem uma de suas páginas." -- Murilo Mendes