A menina que teve os braços amputados, o rapaz que nasce a partir de um naco de gordura, a velha que vivia dentro de uma garrafa de vinagre; em versões que mais lembram filmes de terror do que contos de fadas, Angela Carter reúne grandes fábulas do folclore mundial.
A menina que teve os braços amputados, o rapaz que nasce a partir de um naco de gordura, a velha que vivia dentro de uma garrafa de vinagre; em versões que mais lembram filmes de terror do que contos de fadas, Angela Carter reúne grandes fábulas do folclore mundial.
Durante o início da década de 1990, a escritora inglesa Angela Carter compilou em dois volumes, para a editora Virago, contos de fadas do mundo inteiro, tendo concluído a segunda coletânea pouco antes de morrer. Nesta edição, a Penguin-Companhia selecionou alguns dos mais célebres (e assustadores) contos de Carter, num breve painel do folclore mundial e das tradições narrativas dos mais variados povos.
Há poucas fadas nessas páginas, e o leitor também terá dificuldades em encontrar príncipes encantados e caçadores que salvam o dia no último momento. Escritas numa época em que esse tipo de história não era destinado a crianças, as fábulas aqui contidas dão lugar a uma série de tias malévolas, esposas traiçoeiras, irmãs excêntricas e perigosas feiticeiras.
Por terem sido registrados em papel pela primeira vez nos últimos duzentos ou trezentos anos, os contos oferecem - correndo por detrás da trama - um retrato do dia a dia no mundo pré-industrializado e um pouco das dinâmicas sociais e outros detalhes que com o tempo se perderam. Mais que isso, na tradição das histórias italianas reunidas por Italo Calvino em Fábulas italianas, esses contos de fadas oferecem um registro precioso de algumas matrizes que acabaram assimiladas pela literatura ocidental.