O libelo que, em sua época, provocou uma longa e acalorada polêmica por atacar o espírito ufanista que ciclicamente assolava o país e o impedia de enfrentar suas eternas mazelas.
O libelo que, em sua época, provocou uma longa e acalorada polêmica por atacar o espírito ufanista que ciclicamente assolava o país e o impedia de enfrentar suas eternas mazelas.
Em dezembro de 1928 surgia o Retrato do Brasil. O pequeno livro provocou uma polêmica que mobilizou a imprensa até abril do ano seguinte. Às vezes, num mesmo exemplar de jornal aparecia mais de um artigo. A primeira edição esgotou-se rapidamente. E duas outras tiragens seguiram o mesmo caminho.Qual a razão de tamanho barulho? O ensaio de Paulo Prado remava contra a maré e denunciava a estagnação em que vivia mergulhado o país. Fustigando os ufanistas, anunciava o fim violento da Primeira República. O diagnóstico seria confirmado com a revolução de outubro de 1930. Escrito numa prosa sóbria, que conquista o leitor com seus efeitos plásticos, Retrato do Brasil expõe cruamente as nossas mazelas e nos faz refletir sobre os nossos defeitos de formação e a tendência para a retórica na política, que, absorvendo as energias, adia o enfrentamento da questão social.