Um pouco antes de morrer, Proust disse que queria que sua obra fosse vista como uma catedral. Citati fundamenta com brilho essa imagem, sem nunca esquecer que Proust era também uma "pomba apunhalada", essa ave que, por ter uma mancha vermelha no peito, parece ferida.
Um pouco antes de morrer, Proust disse que queria que sua obra fosse vista como uma catedral. Citati fundamenta com brilho essa imagem, sem nunca esquecer que Proust era também uma "pomba apunhalada", essa ave que, por ter uma mancha vermelha no peito, parece ferida.
São incontáveis as maneiras de penetrar no universo de um autor. A de Pietro Citati, ensaísta de notável acuidade, é explorar as zonas de sombra onde vai se forjando, imperceptivelmente, o futuro escritor Marcel Proust. Como fez em Goethe, também publicado pela Companhia das Letras, Citati alterna a biografia e a análise literária, trazendo para o leitor a convivência inarredável entre a vida e a escrita. Durante anos a fio Marcel Proust trocou o dia pela noite. Em busca do tempo perdido, praticamente não saiu de seu quarto forrado de cortiça. Pietro Citati o acompanha a cada passo e faz surgir nesse livro não tanto o esnobe, mas o homem frágil que à sua maneira, e como tantos outros, sonhou loucamente com a perfeição.