Ontem à noite fomos mais uma vez surpreendidos, desta vez pela matéria do jornal O Popular, que afirma que a Secretaria de Educação de Goiás também pediu o recolhimento da obra O avesso da pele, de Jeferson Tenório — livro este selecionado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

O PNLD é um programa essencial para a promoção da educação de qualidade em nosso país. Há 80 anos, tem sido um pilar fundamental para garantir o acesso dos estudantes brasileiros a materiais de qualidade, promovendo a igualdade de oportunidades no processo educacional. Sua credibilidade e transparência são inegáveis, e milhões de famílias e educadores confiam nesse programa para fornecer os recursos necessários para o ensino e aprendizado.

A decisão de recolher um livro previamente aprovado e selecionado por uma banca de educadores, especialistas, mestres e doutores em literatura não apenas prejudica a qualidade da educação oferecida às nossas crianças e jovens, mas também mina a confiança no próprio programa e nas instituições responsáveis por sua implementação. Além disso, ela representa um grave ataque à liberdade de expressão e ao pluralismo de ideias, princípios fundamentais de uma sociedade democrática.

Pedimos, portanto, uma manifestação imediata e contundente por parte do Ministro da Educação em defesa do PNLD e de seu papel crucial na promoção da educação no Brasil. Embora “O avesso da pele” tenha sido avaliado, aprovado e comprado na gestão anterior, é fundamental que o governo reafirme seu compromisso com a educação de qualidade, a liberdade de expressão e o respeito à diversidade, garantindo que o PNLD continue a desempenhar seu papel fundamental sem interferências arbitrárias e ideológicas.

O avesso da pele, de Jeferson Tenório, vencedor do Prêmio Jabuti de 2021, é um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude.

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