Em sua obra mais ambiciosa e inclassificável, Preciado articula de modo brilhante erudição, sensibilidade, inteligência, ironia e beleza.
Em sua obra mais ambiciosa e inclassificável, Preciado articula de modo brilhante erudição, sensibilidade, inteligência, ironia e beleza.
Dysphoria mundi é um diário da violenta transição planetária que vivemos hoje. Doente de covid e trancado sozinho em seu apartamento, Paul B. Preciado registra as mudanças que estão ocorrendo em todas as esferas globais -- sociais, políticas, sexuais e ecológicas -- num texto "transgênero" que incorpora ensaio, poesia, autoficção: uma espécie de caderno filosófico-somático do processo de transformação em curso.
Para entendermos esse processo, o filósofo espanhol propõe que a noção de disforia seja pensada de maneira ampla e generalizada. "E se a 'disforia de gênero' não fosse um transtorno mental, mas uma inadequação política e estética de nossas formas de subjetivação em relação ao regime normativo da diferença sexual e de gênero?", pergunta.
Atravessando os limites disciplinares e seus binarismos, Preciado nos faz ouvir o som do velho mundo desmoronando e nos compele a fundar um novo regime epistemológico antes que seja tarde demais.
"Esta obra monumental de Preciado é a de um bibliófilo que põe todos os seus recursos a serviço de um tempo e de um mundo hoje irreversivelmente deslocados. Mobilizando teorias da linguagem, consciência, tecnologia e imunologia para contar a história desse mundo, o livro estilhaça as estruturas binárias responsáveis pela destruição do amor e do futuro. Aqui uma canção, ali um poema: é um pensamento que transcende o gênero e os gêneros, que nos desfaz no melhor sentido da palavra. Um compromisso implacável contra as piores formas de dissolução." -- Judith Butler