Supostamente em segredo, um professor e sua mulher escrevem diários em que registram sua vida sexual. A certa altura, porém, já não sabemos se eles não estão inventando confissões justamente para que o outro leia. O erotismo de Tanizaki é ao mesmo tempo sério e escandaloso.
Supostamente em segredo, um professor e sua mulher escrevem diários em que registram sua vida sexual. A certa altura, porém, já não sabemos se eles não estão inventando confissões justamente para que o outro leia. O erotismo de Tanizaki é ao mesmo tempo sério e escandaloso.
Depois de quase trinta anos de casamento, um professor universitário de meia-idade já não consegue satisfazer as exigências da esposa, uma mulher mais nova do que ele. Marido e mulher simulam recato em suas relações íntimas - ele por timidez, ela porque conserva a máscara de virtude que herdou da família, um clã feudal.Mais apaixonado do que nunca, o professor faz o que pode para disfarçar seu declínio, mas não tarda a descobrir o único excitante que lhe serve: o ciúme. Junichiro Tanizaki trabalha o erotismo associado à idéia de fronteira, de limite: o desejo pode se tornar autodestruição, a experiência sexual pode se aproximar da perversão, o caráter patético das relações conjugais pode beirar o trágico. Tanizaki conta a história por meio de fragmentos dos diários que marido e mulher escrevem solitariamente, sem se revelar ao parceiro. Entretanto, ambos começam a suspeitar de que são lidos um pelo outro. Quando surge a suspeita, nosso ponto de vista de leitor se embaralha: já não temos certeza se as confissões de cada parceiro não estão sendo forjadas, se não estão sendo inventadas justamente para que o outro as leia. Essa dúvida - a mesma que passa a perturbar os personagens - nos faz ler com a respiração sutilmente entrecortada.