Sonoko, uma mulher jovem e voluntariosa, narra os jogos perversos de que participou ao se envolver com uma bela estudante de artes e como se deixou corromper por uma voragem erótica que quase a levou à morte. A lógica implacável da perversão conduz esta obra-prima de Tanizaki.
Sonoko, uma mulher jovem e voluntariosa, narra os jogos perversos de que participou ao se envolver com uma bela estudante de artes e como se deixou corromper por uma voragem erótica que quase a levou à morte. A lógica implacável da perversão conduz esta obra-prima de Tanizaki.
Nesta que é uma das obras-primas de Tanizaki, Sonoko Kakiuchi narra os acontecimentos que quase a levaram à morte (mas antes da última linha o leitor não saberá ao certo qual é a história que ela tem a contar). Mimada, voluntariosa e talvez ingênua, Sonoko se deslumbra com a beleza de Mitsuko, uma estudante de artes. Sem se importar com boatos e com as objeções de Koutaro Kakiuchi, seu marido, arranja situações propícias ao contato íntimo com a amiga. Usa o quarto do casal como ateliê e passa horas ali dentro, fechada com Mitsuko, a pretexto de pintar um retrato que nunca termina. Sonoko parece conseguir tudo o que quer. Mitsuko, porém, não demora em exibir atitudes sistematicamente fraudulentas. Acuada por um amante chantagista, suas mentiras se sucedem, aprisionando uma Sonoko cada vez mais apaixonada. Consolidada como crueldade, sua sedução avança sobre o próprio Koutaro, concedendo-lhe prazeres a que ele não queria resistir. Mitsuko, Koutaro e Sonoko corrompem e se deixam corromper. Obedientes à lógica implacável da perversão, tudo o que podem fazer é se entregar obsessivamente a seu abismo trágico. Como quem se regalou em ser escravizada, Sonoko dirá ao terminar o relato: "Quando penso em Mitsuko, não é ódio ou ressentimento o que sinto, mas saudade, tanta, tanta...".