Willie Chandran cresce no regime de castas da Índia de Mahatma Gandhi. Aos vinte anos, vai para Londres alimentando ambições literárias e se apaixona por Ana, filha de portugueses de Moçambique. A sensação de viver uma "meia vida", sempre por se fazer, une as personagens deste extraordinário romance de corte autobiográfico.
Willie Chandran cresce no regime de castas da Índia de Mahatma Gandhi. Aos vinte anos, vai para Londres alimentando ambições literárias e se apaixona por Ana, filha de portugueses de Moçambique. A sensação de viver uma "meia vida", sempre por se fazer, une as personagens deste extraordinário romance de corte autobiográfico.
Neste extraordinário romance de corte autobiográfico, o protagonista, Willie Chandran, revela desde cedo sua vocação para escritor. Seu pai é um ex-funcionário do governo da Índia que, acusado de corrupção, refugia-se num templo, fazendo voto de silêncio. As primeiras narrativas criadas por Willie estão marcadas por essa figura paterna ausente e inacessível. Sua infância tem como pano de fundo as lutas de independência da Índia contra o domínio britânico. Willie chega à adolescência com o sonho de deixar o país e seu passado. Aos vinte anos parte para Londres, onde toma consciência da vastidão do mundo, entra em contato com a vida boêmia de Notting Hill e descobre o sexo com as namoradas dos amigos. Para Willie, entretanto, nada se realiza por completo, e mesmo o primeiro passo na carreira literária tem um sabor insosso. A promessa de uma nova vida é trazida por Ana, filha de portugueses, admiradora de seu livro abandonado. Apaixonado, Willie deixa Londres para viver a vida de Ana numa fazenda da África pós-colonial, onde novos avanços na transgressão e na hipocrisia do sexo serão o único contraponto à inércia do cotidiano.Um sentimento comum une as personagens do primeiro livro que Naipaul publicou depois de receber o Nobel, em 2001: a sensação de viver uma "meia vida", dividida entre um passado que se pretende negar e um presente de difícil realização. A prosa potente de Naipaul, ao mesmo tempo familiar e exótica, sugere que a realização pessoal passa pelos riscos - não poucos - de reinventar a vida.