Uma biografia saborosa e dramática de um dos poucos escritores brasileiros genuinamente populares, autor de Memórias de um gigolô, Ópera de sabão e O mistério do cinco estrelas. Neste relato do jornalista Carlos Maranhão, a vida de Marcos Rey confunde-se com a história de São Paulo, cidade que foi uma das maiores personagens do escritor.
Uma biografia saborosa e dramática de um dos poucos escritores brasileiros genuinamente populares, autor de Memórias de um gigolô, Ópera de sabão e O mistério do cinco estrelas. Neste relato do jornalista Carlos Maranhão, a vida de Marcos Rey confunde-se com a história de São Paulo, cidade que foi uma das maiores personagens do escritor.
Marcos Rey (1925-99) é dos poucos autores brasileiros genuinamente populares. Transitando à vontade entre a prosa adulta e a juvenil, ele vendeu mais de 5 milhões de exemplares e construiu uma obra de qualidade, profundamente enraizada na vida brasileira.
A carreira literária de Marcos Rey é repleta de glória, mas poucos sabem que, sob o seu nome verdadeiro, Edmundo Donato, ele viveu um drama pessoal dos mais violentos, que permaneceu oculto até a sua morte.
Marcos Rey era portador de hanseníase, doença conhecida até meados do século XX como lepra e que desde os tempos bíblicos carrega o estigma de maldição. A partir dos anos 30, a hanseníase passou a ser combatida com ferocidade pelas autoridades sanitárias paulistas, que internavam os doentes à força em sinistros leprosários.
Depois de uma denúncia anônima, em 1939 o jovem Edmundo foi recolhido por uma ambulância enquanto jogava bilhar no Centro de São Paulo. Começava um pesadelo que duraria seis longos anos, até sua última fuga do sanatório, em 1945, quando ele mergulharia de vez na vida literária e boêmia.
Se São Paulo já é uma personagem central na obra de Marcos Rey, em Maldição e glória a idade áurea da vida noturna na cidade ganha uma espécie de biografia, repleta de histórias e personagens saborosas, narrada com elegância por Carlos Maranhão, diretor de redação da revista Veja São Paulo. Era um tempo em que modernistas de 22 bebiam com os talentos nascentes da literatura, jovens atores e atrizes de teatro, estrelas do rádio e da novíssima televisão, em bares elegantes e inferninhos, salões de bilhar e bordéis, botecos e boates. Foi daí que Marcos tirou a matéria humana para produzir uma literatura "feita de gente", no dizer do escritor e amigo João Antônio, com quem ele compartilhava o fascínio pela cidade e suas personagens.