Os livros e os dias atesta a paixão de Alberto Manguel pela literatura como uma comunidade imaginária onde convivem e trocam idéias escritores e personagens de várias épocas e lugares. De Cervantes a Machado de Assis, os romancistas mais díspares permeiam as reflexões do autor sobre a vida contemporânea.
Os livros e os dias atesta a paixão de Alberto Manguel pela literatura como uma comunidade imaginária onde convivem e trocam idéias escritores e personagens de várias épocas e lugares. De Cervantes a Machado de Assis, os romancistas mais díspares permeiam as reflexões do autor sobre a vida contemporânea.
Os livros e os dias é uma obra singular, que combina o diário pessoal e a crítica literária, fazendo com que a literatura ilumine a vida cotidiana e vice-versa. A cada mês, durante o período entre junho de 2002 e maio de 2003, Alberto Manguel escolheu um grande romance para reler e comentar em seu diário. Suas impressões de leitura se entrelaçam com lembranças pessoais, observações sobre o dia-a-dia, reflexões sobre o mundo contemporâneo e, principalmente, remissões a livros e autores.
Assim, o romance fantástico A invenção de Morel, de Adolfo Bioy Casares, lança uma luz inesperada sobre a Argentina pós-hecatombe que Manguel reencontrou em junho de 2002, depois de uma longa ausência. Já Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, leva o autor a refletir sobre o papel do leitor na constituição da obra literária. Do mesmo modo, o Dom Quixote, de Cervantes, ajuda a pensar sobre a loucura contemporânea e os diversos fundamentalismos vigentes.
Cada obra remete a outras obras, cada personagem a outros personagens, num processo infinito de alargamento de horizontes. A boa literatura, para o autor, sempre tem alguma coisa a dizer a cada época e leitor. Distante da esterilidade acadêmica, a erudição de Manguel é prazerosa, sedutora e desprovida de preconceitos. Em sua biblioteca, Arthur Conan Doyle ocupa um lugar tão nobre quanto Goethe e Machado de Assis.
Em Os livros e os dias o leitor brasileiro reencontra a prosa fluente e cristalina do autor de Uma história da leitura. Aqui, num registro mais pessoal, as preocupações do autor com as grandes questões contemporâneas - a guerra, as transformações da vida cotidiana, a crise de valores - são examinadas e interpretadas pelo filtro da literatura, com a ajuda dos escritores de todas as épocas. Cervantes, Kipling, Dino Buzzati, Sei Shonagon, Chateaubriand, H. G. Wells, Kafka e Borges são algumas das vozes que se fazem ouvir nessas páginas.