Ao lado do irmão caçula numa arquibancada de estádio, numa cidade e num tempo que hoje só existem na memória, um garoto de quinze anos faz uma inusitada relação entre o futebol e o mundo dos afetos.
Ao lado do irmão caçula numa arquibancada de estádio, numa cidade e num tempo que hoje só existem na memória, um garoto de quinze anos faz uma inusitada relação entre o futebol e o mundo dos afetos.
No dia 12 de fevereiro de 1989, Grêmio e Internacional entraram no gramado do estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, para aquele que ficou conhecido como o mais importante confronto da história do esporte gaúcho - o chamado Gre-Nal do século. Na arquibancada, um garoto de quinze anos divide-se entre a atenção aos lances do campo e um dilema: dar ou não a Bruno, o irmão caçula ao seu lado, a notícia que vai mudar radicalmente a vida de ambos.
Desde as primeiras linhas, este breve e original romance deixa claro que não trata propriamente de futebol, mas de suas relações com o universo dos afetos. Falar do que aconteceu numa partida real, seqüência construída com os instrumentos às vezes inconfiáveis da memória, é refletir ficcionalmente sobre uma experiência íntima. Assim, as descrições do pique de um centroavante ou do giro de corpo de um ponteiro direito, com as conseqüentes reações entre os torcedores, ganham ressonância no caminho percorrido pelo protagonista: inicialmente acuado pelos segredos terríveis que guarda - envolvendo o pai, a mãe e a desintegração iminente de sua família -, ele decide enfrentá-los à medida que mudam as expectativas quanto ao resultado do jogo.