Sessenta contos marcados pela melancolia, pelo acento expressionista e por referências à psicanálise e à literatura. Carone é um dos mais sofisticados prosadores da literatura brasileira contemporânea.
Sessenta contos marcados pela melancolia, pelo acento expressionista e por referências à psicanálise e à literatura. Carone é um dos mais sofisticados prosadores da literatura brasileira contemporânea.
Reunião de boa parte dos três livros de contos de Modesto Carone - As marcas do real (1979; Prêmio Jabuti, 1980), Aos pés de Matilda (1980) e Dias melhores (1984) -, Por trás dos vidros, que conta ainda com alguns textos inéditos em livro, reafirma Carone como um dos mais sofisticados prosadores da literatura brasileira atual.
Os contos de Por trás dos vidros revelam, na diversidade de enredos e narradores, a preocupação do autor em examinar relações conflituosas, num flerte constante com o insólito. Os textos trazem encontros fortuitos, desaparecimentos imediatos, lembranças dispersas, imagens da morte e deslocamentos aleatórios que subvertem a lógica realista.
A melancolia é um dos traços distintivos do livro. Mas esse não é o único caminho explorado pelo autor. A veia bem humorada também se faz notar em diversas passagens, assim como o acento expressionista e as referências à psicanálise e à literatura.
Nos contos de Modesto Carone, os assassinatos, tiroteios, imersões pelos esgotos ou devaneios oníricos são insinuados com sutileza, como se não fossem além do mais ordinário gesto cotidiano. Ao "naturalizar" a linguagem que esconde a violência, o alheamento, o desajuste, a prosa de Carone faz com que o leitor se depare com a brutalidade e ilumina de modo perturbador os absurdos da vida cotidiana.