Um convite ao leitor/espectador para compartilhar, como numa sessão de cinema, momentos de grande intensidade poética. Nesta Cinemateca, a vivência da poesia não oferece grandiloqüência ou monumentalidade, mas coloquialidade e franqueza de espírito.
Um convite ao leitor/espectador para compartilhar, como numa sessão de cinema, momentos de grande intensidade poética. Nesta Cinemateca, a vivência da poesia não oferece grandiloqüência ou monumentalidade, mas coloquialidade e franqueza de espírito.
Cinemateca é o quinto livro de Eucanaã Ferraz, um dos mais destacados poetas surgidos no panorama da literatura brasileira das últimas duas décadas. O volume vem se somar a Livro primeiro (1990), Martelo (1997), ao premiado Desassombro (2002) e a Rua do mundo (2004).
Luz e amplitude dão corpo aos poemas de Eucanaã Ferraz, composições atravessadas por uma incidência de claridade que ilumina a arquitetura do mundo e define os contornos da realidade. Uma rua, uma árvore, um prédio, um inseto, o céu azul, o mar, a leveza de uma valsa, o fado do boi ou fotogramas de memória se organizam em torno de certo ritmo poético característico do autor, a um só tempo prosaico e musical.
Como a um filme claro e inteligível, somos apresentados a estes poemas por um projetor verbal de recursos variados. O poeta direciona sua escrita, de grande habilidade pictórica, para aquilo que lhe interessa compartilhar. O trabalho, as cidades, as recordações de infância, a arte, o sonho, o amor e suas instabilidades concorrem para compor imagens inesperadas.
Coloquialidade e humor sutil sobressaem em composições talhadas pela descrição apurada e por um sentimento de passagem do tempo que confere densidade ao agora. Como cineasta ou - em companhia do leitor - como cinéfilo, o poeta quer surpreender o efêmero, fruir a gratuidade da beleza e, assim, tentar capturar a vibração do instante.