Com base em documentação vasta e rica, Marcus Rediker examina, em O navio negreiro, a montagem da operação de travessia de escravos de um lado a outro do oceano, em seus mais diversos pormenores, sobretudo a angústia daqueles que viajavam no porão em condições desesperadoras.
Com base em documentação vasta e rica, Marcus Rediker examina, em O navio negreiro, a montagem da operação de travessia de escravos de um lado a outro do oceano, em seus mais diversos pormenores, sobretudo a angústia daqueles que viajavam no porão em condições desesperadoras.
Muito se escreveu sobre a escravidão e o sistema de plantations que empregou grande parte da mão de obra africana no Novo Mundo, mas pouco se sabe sobre a principal "tecnologia" que tornou tudo isso possível: o navio negreiro. Com base em mais de trinta anos de pesquisas em arquivos marítimos, Marcus Rediker, grande especialista em tráfico transatlântico, escreveu uma história sem precedentes dessas embarcações e de seus passageiros, voluntários e involuntários.
O autor reconstrói com detalhes sombrios a vida e a morte de escravos e marujos, os desmandos e a perversidade dos capitães, o dia a dia do navio - com suas doenças terríveis, motins e violência -, sem se esquecer dos detalhes técnicos e das principais diferenças entre os vários tipos de embarcação dedicados ao comércio de carne humana. Descrevendo casos impactantes - como o da escrava que foi jogada ao mar amarrada em uma cadeira para não contaminar os outros cativos com varíola, ao do capitão que nutria um prazer sádico em manter seu inferno particular -, Rediker torna tangível esse que foi um dos principais nexos daquilo que W. E. E. Du Bois chamou de o "mais grandioso drama da humanidade".