Lançado pela Companhia das Letras em 2002, A ignorância volta ao catálogo em edição de bolso. Texto integral.
Lançado pela Companhia das Letras em 2002, A ignorância volta ao catálogo em edição de bolso. Texto integral.
Neste romance sobre a memória, Milan Kundera subverte a noção de nostalgia.
Namorados de adolescência, Josef e Irena passam vinte anos longe de sua terra natal, ele vivendo na Dinamarca, ela em Paris. Irena reencontra Josef por acaso no aeroporto de Paris. Os dois decidem retornar a Praga, reerguida segundo as regras capitalistas depois da queda dos regimes comunistas do Leste europeu, em 1989. Em comum, eles têm uma história de exílio e um sentimento profundamente nostálgico em relação à paisagem tcheca. Reviver essa relação de amor significa refazer todo o percurso da separação. Neste romance sobre a memória, Milan Kundera subverte a noção de nostalgia. O escritor relembra a etimologia da palavra, que em sua origem grega remete ao "sofrimento causado pelo desejo irrealizado de retornar". Esse sentimento liga-se também à ignorância: só há nostalgia daquilo de que não temos mais notícia. Como afirma o narrador, "acaso" é um outro modo de dizer "destino". O fascínio que as coincidências e os pequenos retornos exercem é aquele da consciência do presente e de sua ligação com o passado. Na memória, os acasos se harmonizam e ganham beleza.