Luis Fernando Verissimo, um dos maiores escritores do país e mestre da literatura de humor, constrói, neste livro, uma alegoria híbrida de mitologia, humor e mistério. Ainda se curando da ressaca do final de semana, na manhã de uma terça-feira, o funcionário de uma pequena editora recebe um envelope branco, endereçado com letra cursiva. Por pouco ele não o lançou direto para o lixo. Frustrado na vida profissional, desiludido com as mulheres, esse infeliz funcionário não costuma ter boa vontade com a humanidade. Mas algo chama sua atenção, a escrita trêmula, a florzinha no lugar do pingo do i - e assim o envelope pousa em sua vida como um pássaro perdido. Dentro, as primeiras páginas de um livro de confissões escrito por uma certa Ariadne, que promete contar sua história com um amante secreto e depois se suicidar. Amante de histórias policiais, o editor fica fascinado pelo texto assinado por ela, apesar de seus erros gramaticais e a falta absoluta de vírgulas. Inspirado por John le Carré, ele vai convencendo seus amigos de bar a acompanhá-lo numa missão tão fascinante quanto patética: capturar Ariadne e salvar sua vida. Mas quem é Ariadne? Na mitologia grega, a filha de Minos, rei de Creta, ajuda Teseu a sair do labirinto depois de ele matar o Minotauro. Em Os Espiões, Luis Fernando Verissimo, um dos autores de humor mais criativos e respeitados do país, cria uma Ariadne às avessas, que vai enfeitiçando o protagonista e seus amigos de bar, os deliciosos e risíveis espiões deste livro. Sexto romance do autor, o livro de estreia na Alfaguara é o primeiro que o próprio Verissimo considera "seu", do início ao fim, já que nunca havia escrito antes um romance por impulso próprio. As demais narrativas do gênero que o autor escreveu (O Jardim do Diabo, O Clube dos Anjos, Borges e os Orangotangos Eternos, O Opositor e A Décima Segunda Noite) nasceram todas de provocações ou de encomendas das editoras. - Esse aí eu mesmo resolvi me encomendar - comenta o escritor.