A autora de O nome do bispo faz da elegante avenida Higienópolis da década de 30 o cenário principal desta ficção crítica, irônica e divertida, construída com precisão de linguagem e minúcia narrativa.
A autora de O nome do bispo faz da elegante avenida Higienópolis da década de 30 o cenário principal desta ficção crítica, irônica e divertida, construída com precisão de linguagem e minúcia narrativa.
O dicionário define "café pequeno" como coisa sem importância. É sob este ardiloso disfarce que Zulmira Ribeiro Tavares empunha o bisturi fino da ironia para dissecar o discreto charme da burguesia paulista. Manejando seu instrumento literário às vezes com extrema delicadeza, às vezes beirando o sarcasmo, mas sempre com precisão, a autora dos premiados O nome do bispo e Jóias de família nos oferece um quadro insólito de São Paulo no limiar da ditadura de Getúlio Vargas. A narrativa centra-se numa festa de aniversário, em que a trivialidade das conversas e situações funciona como uma surdina, abafando os conflitos e relegando para as sombras tudo o que tenha importância social ou possa ser inquietante. Ao leitor, cabe evitar educadamente a gargalhada e colocar a mão sobre a boca para sorrir prazerosamente à socapa.