Pequenos artefatos literários inteiramente revestidos de inteligência. No mais longo deles, uma tragédia recente da história brasileira - a morte de Tancredo Neves - causa impacto especial num personagem chamado Consertador de Tudo.
Pequenos artefatos literários inteiramente revestidos de inteligência. No mais longo deles, uma tragédia recente da história brasileira - a morte de Tancredo Neves - causa impacto especial num personagem chamado Consertador de Tudo.
Cortejo em abril é uma coletânea de prosa de ficção: textos concisos, provocadores e de fino humor, fortemente ligados ao universo de São Paulo, característicos da obra de Zulmira Ribeiro Tavares. Escritora que sabe como ninguém investigar o detalhe para revelar realidades muito complexas, Zulmira conduz esses textos por um percurso que vai do particular para o geral e que se mostra eficaz na função de desvendar significados. Cada um deles se torna, ao final, um artefato literário inteiramente revestido de inteligência e inventividade. Uma das narrativas recria certo dia de abril de 1985. O Consertador de Tudo cumpre suas tarefas cotidianas: deve visitar um cliente, fazer um conserto. Antes, no parque do Ibirapuera, assiste à passagem do cortejo fúnebre de Tancredo Neves. As características do acontecimento e as nuances da reação do público adquirem poder de impacto quando o episódio é visto em refração na sensibilidade do Consertador, um cidadão sem relevância, imerso em tarefas pontuais e pequenos fatos privados circunscritos à experiência doméstica.