Estudo sobre a virada do século XV para o XVI, quando milhares de navegantes, mercadores, espiões, cruzados e fidalgos trilharam o mundo em busca de fortuna e aventura ou com a missão de expandir o reino de Cristo. Quando o vasto Oceano perdeu seus mistérios, uniu mundos, acelerou e intensificou o intercâmbio de povos distantes. "Cumpriu-se o mar", diria mais tarde o poeta Fernando Pessoa.
Estudo sobre a virada do século XV para o XVI, quando milhares de navegantes, mercadores, espiões, cruzados e fidalgos trilharam o mundo em busca de fortuna e aventura ou com a missão de expandir o reino de Cristo. Quando o vasto Oceano perdeu seus mistérios, uniu mundos, acelerou e intensificou o intercâmbio de povos distantes. "Cumpriu-se o mar", diria mais tarde o poeta Fernando Pessoa.
Caramuru, cuja epopéia é mencionada neste livro, foi um dos milhares de contemporâneos dos descobrimentos marítimos que, no limiar do século XVI, tiveram a coragem de se instalar em terras inóspitas e o mérito de criar pontes entre sociedades que até então tudo separava. Na virada do século XV para o XVI, o vasto Oceano perdeu seus mistérios, uniu mundos, acelerou e intensificou o intercâmbio de povos distantes. "Cumpriu-se o mar", diria mais tarde o poeta Fernando Pessoa.O que marca a passagem do século XV para o XVI é que aí se situam as origens da globalização. Não ainda a mundialização mercantil que se inicia com a Revolução Industrial, nem a globalização atual das transações financeiras. O que se globaliza na virada do século XV para o XVI é o conhecimento do outro. Pela primeira vez, todos os recantos do mundo são mutuamente revelados. Em menos de cinqüenta anos, ibéricos, orientais, africanos e os recém-"descobertos" astecas e tupis ouvem falar de terras, povos, costumes e religiões de cuja existência nunca suspeitaram.O apogeu da expansão marítima européia é um momento de descobertas. Cartógrafos rivalizam na feitura de mapas-múndi e atlas, cada qual registrando as últimas novidades planetárias. Plantas como o cacau, a canela, a batata e a cana e animais como perus, cavalos e galinhas são transportados de um continente a outro. Europeus se deslumbram com a literatura de viagens, enquanto seus antípodas japoneses estranham os narigões dos portugueses que desembarcam com a novidade das armas de fogo.Em busca de fortuna e aventura ou com a nobre missão de expandir o reino de Cristo, milhares de mercadores, espiões, cruzados e fidalgos trilharam o mundo em torno de 1500. Alguns decênios mais tarde, vai se revelar a face cruel do processo de conquista, catequese e colonização das novas terras. Mas, na virada para o século XVI, o que se celebra é essa aventura civilizatória única, de alcance planetário, que levou o mundo a se conhecer.