Em O dia da coruja, o leitor acompanha os passos e artimanhas do honesto capitão Bellodi, que investiga uma série de assassinatos numa pequena cidade italiana da Sicília. Republicano e anti fascista, Bellodi é um "mão limpa" ao pé da letra. Esbarra, porém, em redes invisíveis, arrumadas para que a verdade não apareça e se dissolva entre as malhas do poder. Mas o capitão, transferido da Itália continental para a Sicília, está disposto a descobrir o verdadeiro culpado pela onda de crimes e mortes. O protagonista de Leonardo Sciascia segue pistas tênues, embora consistentes, que indicam não só a participação da máfia, como a presença de outras pessoas poderosas por trás do assassinato. Bellodi é um policial obstinado; mas nem seus maiores esforços poderão incriminar os verdadeiros culpados. Baseado em fatos reais - a morte de um sindicalista comunista em janeiro de 1947 -, O dia da coruja tornou-se um clássico da literatura italiana contemporânea. Nele, o autor apresenta sua aversão à ideologia fascista e como ela a afeta tanto no plano afetivo quanto nos planos morais e intelectuais. Essa aversão, inclusive, influenciou o relacionamento de Sciascia com o pai, que fora obrigado a se inscrever no partido para conseguir emprego. O fascismo mostrou ao autor tudo que era contra a dignidade e a liberdade humana. Sua representação da máfia siciliana em O dia da coruja dá voz a essa revolta com humor e ironia.