Na literatura brasileira, Mario Quintana, além de poeta essencial, é um mestre do humor. Uma prova disso encontra-se em Porta giratória, imperdível seleção de crônicas, anedotas, vinhetas, máximas, aforismos. É Quintana na sua melhor forma. Na coletânea, lançada originalmente em 1988 a partir de textos publicados no jornal Correio do Povo, está a essência de Quintana. Destaca-se aqui, sobretudo, o humor. Claro, este está sempre presente nos demais livros de prosa do poeta, mas aqui parece mais crítico, mais inesperado, mais direto na capacidade de produzir o riso a partir do inusitado. Não que o poeta lírico esteja ausente destas crônicas e máximas. Pelo contrário, o livro é atravessado pela poética bem conhecida de Quintana, colada no cotidiano, embora menos devaneadora e mais afirmativa. São muitas, em Porta giratória, as observações sobre a essência do fazer poético, a profissão de fé numa poesia livre de pedantismo, embora disciplinada na busca da melhor expressão. São deliciosas as evocações da vida literária porto-alegrense, assim como de personagens - reais ou imaginários - com que Quintana convivia no dia a dia. Esse universo, ao ser levado do jornal para o livro, adquiriu força universal e permanente.