Livro póstumo de um poeta que, nas palavras de Alfredo Bosi, "desta cidade poenta e ruidosa quis e soube ser uma espécie de Sócrates em tom menor: a consciência vigilante que interroga e incomoda [...]". Ironia e auto-ironia disseminam-se por toda a obra de José Paulo Paes (1926-98).
Companhia de Bolso
Retrato do amor quando jovem
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Livro póstumo de um poeta que, nas palavras de Alfredo Bosi, "desta cidade poenta e ruidosa quis e soube ser uma espécie de Sócrates em tom menor: a consciência vigilante que interroga e incomoda [...]". Ironia e auto-ironia disseminam-se por toda a obra de José Paulo Paes (1926-98).
José Paulo Paes deixou pronto este livro. O último poema, entretanto, foi incluído postumamente: "Não há nada mais triste/ do que um cão em guarda/ ao cadáver de seu dono./ Eu não tenho cão./ Será que ainda estou vivo?". "Dúvida" foi encontrado no computador do poeta; a data da última gravação é 8 de outubro de 1998, véspera da morte.No breve prefácio de Socráticas, Alfredo Bosi escreve: "Desta cidade poenta e ruidosa José Paulo Paes quis e soube ser uma espécie de Sócrates em tom menor: a consciência vigilante que interroga e incomoda [...]". Ironia e auto-ironia são formas de expressão disseminadas por toda a sua obra. Estão presentes, por exemplo, no poema "Do Evangelho de São Jerônimo" (o santo dos tradutores): "A tradução - dizem-no com desprezo - não é a mesma coisa que o original./ Talvez porque tradutor e autor não sejam a mesma pessoa./ Se fossem, teriam a mesma língua, o mesmo nome, a mesma mulher, o mesmo cachorro./ [...] Para evitar tal monotonia, o bom Deus dispôs, já no dia da Criação, que tradução e original nunca fossem exatamente a mesma coisa./ Glória, pois, a Ele nas alturas, e paz, sob a terra, aos leitores de má vontade".Prêmio Jabuti 2002 de Melhor Livro de Poesia - Categoria Especial