Nesta história das viagens de exploração, Felipe Fernández-Armesto, professor das universidades de Londres e Oxford, reconstitui os feitos dos pioneiros que, ao longo dos séculos, estabeleceram contato com povos até então desconhecidos, percorrendo as mais diferentes regiões do planeta.
A história da humanidade, segundo Felipe Fernández-Armesto, pode ser dividida em duas etapas principais, orientadas em direções contrárias. Na primeira, que durou dezenas de milhares de anos, os grupos primitivos de Homo sapiens caçadores e coletores se separaram, divergindo a partir dos núcleos originais de povoamento em busca de condições de vida mais atraentes. Essas migrações milenares fragmentaram a ancestralidade comum, gradativamente convertida numa babel de culturas isoladas pelos rios, mares e cadeias de montanhas da superfície terrestre.
Apenas em tempos bem mais recentes a espécie humana, distribuída de modo irregular pelos continentes, adquiriu a consciência de que povos desconhecidos habitavam as fronteiras mais distantes dos mapas. Os homens e as mulheres que formaram a vanguarda das novas rotas e caminhos constituem as personagens principais do fabuloso enredo da segunda etapa da história, marcada pela convergência das civilizações.
Esse movimento vertiginoso se intensifica a partir das grandes navegações dos séculos XV e XVI, que terminaram por transformar todas as partes da Terra numa imensa aldeia global. O autor reconstitui com vividez episódios obscuros como, na Idade Média, as viagens dos monges irlandeses pelos mares tempestuosos do Ártico, em busca da "terra prometida dos santos". Ao mesmo tempo, as expedições famosas como as que mobilizaram as potências europeias na conquista do Polo Sul, no século XIX, são revisitadas com enfoque inovador.
Fartamente ilustrado, o livro narra a corrida científica pela decifração dos ciclos da natureza através de uma impressionante documentação cartográfica. A erudição do autor não prescinde, entretanto, de uma aguda interpretação dos fatores individuais da trama histórica, apontando a influência essencial das paixões e acasos sobre as conquistas da aventura humana. Fernández-Armesto demonstra que o misticismo, a ambição e a loucura, talvez em maior medida que o desenvolvimento tecnológico, foram fundamentais nas descobertas mais extraordinárias dos aventureiros e desbravadores.
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