Duzentos anos de história emergem da fala esquizofrênica de um revolucionário comunista que participou das principais batalhas do século XX.
Duzentos anos de história emergem da fala esquizofrênica de um revolucionário comunista que participou das principais batalhas do século XX.
Às cegas é uma espécie de síntese vertiginosa das reflexões que o autor de Danúbio, Microcosmos e Utopia e desencanto condensou durante mais de quarenta anos de ofício.
O revolucionário Salvatore Cippico agoniza num hospital psiquiátrico e decide rememorar sua vida. A voz de Salvatore é ziguezagueante, vai e volta no tempo, se confunde com a voz de outras personagens e não é nada confiável.
Salvatore também é Jorgen Jorgensen, aventureiro dinamarquês que viveu no século XIX, participou das guerras napoleônicas, foi rei da Islândia e fundou a capital da Tasmânia. Mas, assim como Salvatore, Jorgen conheceu as durezas da prisão, foi humilhado, viveu histórias de amor infeliz e perdeu todas as esperanças.
Fio condutor da trajetória de ambos - Salvatore e Jorgen - é o mito de Jasão, o argonauta grego que partiu em busca do velocino de ouro e teve filhos com Medeia.
O livro, sem um centro e sem uma voz única, pode ser lido como o relato de um lunático, ou o testemunho de um sobrevivente de Dachau e Goli Otok, ou o monólogo de um clone, ou as memórias póstumas de todos e de ninguém. Ao leitor caberá a escolha.