A saga memorialística de Pedro Nava (1903 - 1984), agora reeditada pela Companhia das Letras, se inicia com Baú de ossos e Balão cativo. Médico, poeta, artista plástico e escritor, o mineiro Nava "apareceu" em plena maturidade com a publicação de Baú de ossos, um dos mergulhos memorialísticos mais emocionantes e prazerosos de nossas letras.
A saga memorialística de Pedro Nava (1903 - 1984), agora reeditada pela Companhia das Letras, se inicia com Baú de ossos e Balão cativo. Médico, poeta, artista plástico e escritor, o mineiro Nava "apareceu" em plena maturidade com a publicação de Baú de ossos, um dos mergulhos memorialísticos mais emocionantes e prazerosos de nossas letras.
Pletórico e envolvente na melhor tradição dos grandes ciclos romanescos, Baú de ossos reconstitui a genealogia dos antepassados e os primeiros anos da infância do autor. Amigo de escritores, políticos e intelectuais eminentes como Carlos Drummond de Andrade, Juscelino Kubitschek e Afonso Arinos de Melo Franco, descendente de famílias ilustres de Minas Gerais e do Ceará, testemunha privilegiada da história do Brasil no século XX, médico respeitado no país e no exterior, o juiz-forano Pedro Nava deu início à redação de suas memórias em 1968, aos 65 anos. Até então um "poeta bissexto" - na célebre designação de Manuel Bandeira -, quase desconhecido fora dos restritos círculos modernistas, Nava assombrou o país em 1972 com a publicação da primeira parte da saga, Baú de ossos. O livro, ao qual se seguiriam outros cinco extensos títulos e um volume póstumo, impressionou público e crítica pela maestria de sua escrita, que em muitos momentos se aproxima da melhor ficção, e pela precisão da reconstituição dos detalhes do passado mais remoto.
Muito além de uma mera crônica autobiográfica, Nava realiza um vasto panorama da sociedade e da cultura brasileiras no século XIX e no início do século XX. Baú de ossos se inicia com a descrição dos antecedentes genealógicos da família do autor, divididos entre Minas, o Nordeste e os burgos e castelos europeus onde viveram seus antepassados aristocráticos. Em seguida, sempre entremeando fatos históricos, observações pitorescas e anedotas familiares com suas primeiras lembranças, o autor narra acontecimentos vividos até seus oito anos de idade, marcados pela traumática morte de seu pai.