Em Beira-mar, Pedro Nava dá continuidade à rememoração de sua trajetória biográfica por meio de uma formidável reconstituição da Belo Horizonte dos anos 1920.
Em Beira-mar, Pedro Nava dá continuidade à rememoração de sua trajetória biográfica por meio de uma formidável reconstituição da Belo Horizonte dos anos 1920.
A última década da República Velha testemunhou eventos políticos e culturais que forjaram a feição do Brasil moderno, entre os quais a Semana de Arte Moderna de 1922, as revoluções tenentistas e a Coluna Prestes. Cronista privilegiado desse período da história do país - pois foi ao mesmo tempo observador e ator de importantes desdobramentos do modernismo, além de amigo de futuros políticos eminentes -, Pedro Nava apresenta em Beira-mar a quarta parte de sua suntuosa saga memorialística.
O final de 1921 e o início de 1927 demarcam a formação médica de Nava na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte e, ao mesmo tempo, sua integração plena à roda de amigos que, entre o Bar do Ponto, a rua da Bahia, o Café Estrela e outros locais emblemáticos da Belo Horizonte antiga, constituiu o núcleo primordial do movimento modernista em Minas Gerais. Nomes como Carlos Drummond de Andrade, Juscelino Kubitschek, Abgar Renault, Milton Campos, Aníbal Machado e Gustavo Capanema, entre outros expoentes políticos e culturais do século XX
brasileiro, transitam entre as páginas de Beira-mar com íntima desenvoltura. Do mesmo modo, os conhecimentos médicos a que Nava foi apresentado, nos anfiteatros de anatomia e nas preleções de seus estimados mestres na arte de Hipócrates, compõem uma parcela aliciante da poesia de sua rememoração autobiográfica.