Reflexão sobre a história da vida na Terra tendo por base a descoberta dos fósseis de Burgess Shale (1909), que provocou uma completa revisão interpretativa na história da evolução. Gould explora até o limite o novo ponto de vista, que atribui à contingência um papel fundamental.
Reflexão sobre a história da vida na Terra tendo por base a descoberta dos fósseis de Burgess Shale (1909), que provocou uma completa revisão interpretativa na história da evolução. Gould explora até o limite o novo ponto de vista, que atribui à contingência um papel fundamental.
Este livro de Stephen Jay Gould, paleontólogo e professor da Universidade Harvard, evidencia a coerência do projeto intelectual do autor, que passou boa parte de sua carreira lembrando-nos de que atividade científica é uma tarefa histórica por excelência. Gould demonstrou que a ciência pode - e deve - estar ao alcance de todos. Prova disso é o inegável sucesso editorial de suas obras. Vida maravilhosa tem, então, o mérito de traduzir para o leigo uma discussão científica da maior importância, e com uma paixão que só os grandes escritores conhecem. O livro é a narrativa de uma descoberta - os fósseis de Burgess Shale, na Colúmbia Britânica -, feita em 1909 pelo paleontólogo americano Charles Walcott.A compreensão da estranha e variada fauna de Burgess provocou uma das maiores revisões interpretativas na história da evolução da vida. As clássicas iconografias da escada e do cone invertido, que enfatizavam a imagem da evolução como progresso, foram derrubadas e substituídas pela idéia de que o começo da vida se caracterizou por uma diversidade surpreendente de espécies, extintas segundo as leis do acaso. Gould explora até o limite o novo ponto de vista, que atribui à contingência um papel fundamental nos rumos tomados pela história da vida. Com esse pressuposto, propõe a criação de outros "mundos possíveis", a partir de pequenas alterações que poderiam ter ocorrido.O filme de Frank Capra, It's a wonderful life, título original do livro, é o modelo do jogo proposto por Gould. "Façamos correr novamente a fita da vida a partir de Burges Shale", diz ele, para observar os novos cenários, perfeitamente plausíveis se pequenas mudanças tivessem ocorrido na história.