O sociólogo Reginaldo Prandi, autor de Mitologia dos orixás, discute o futuro do candomblé no Brasil e traça um panorama das transformações que as religiões africanas sofreram em decorrência da escravidão e das perseguições políticas que aqui encontraram.
O sociólogo Reginaldo Prandi, autor de Mitologia dos orixás, discute o futuro do candomblé no Brasil e traça um panorama das transformações que as religiões africanas sofreram em decorrência da escravidão e das perseguições políticas que aqui encontraram.
Religiões mudam, se transformam, dão origem a outros credos. Hoje, mais do que nunca, a religião muda para se adaptar a novas demandas da sociedade e poder competir com maior eficácia no mercado religioso, que cresce a olhos vistos. Segredos guardados procura entender o candomblé e outras religiões afro-brasileiras nesse contexto, analisando as mudanças de concepção, valores e práticas rituais que podem ser observadas ao longo das décadas.
Para que a religião dos orixás se consolidasse no Brasil, muitas adaptações foram introduzidas. Na África dos antigos povos iorubás, as famílias descendiam de antepassados míticos denominados orixás, cultuados como divindades. A escravidão destruiu no Brasil as linhagens familiares e os padrões de parentesco africanos, de modo que a religião dos orixás no Brasil teve que encontrar um outro meio para realizar a identificação dessa herança.
A quebra do vínculo religioso em relação ao laço de sangue permitiu a inclusão de homens e mulheres de todas as origens, sejam eles negros, brancos, mulatos, indígenas ou orientais. No século XXI, as religiões afro-brasileiras podem ser encontradas nos quatro cantos do país, mas seus seguidores tem diminuído. Segredos guardados discute o futuro dessas alternativas religiosas e sua capacidade de enfrentar as novas demandas e questões que a sociedade atual impõe à religião.