Durante milênios os europeus acreditaram que o mundo consistia em três partes: Europa, África e Ásia. Desenhavam os continentes de incontáveis formas e tamanhos, mas por vezes sugeriam a existência de uma "quarta parte do mundo", um lugar misterioso e inacessível, separado do resto por uma expansão oceânica. Era uma terra mítica - pelo menos até 1507, quando Martin Waldseemuller e Matthias Ringmann, dois pesquisadores até então desconhecidos, tornaram-na real. Uma saga de exploração geográfica e cultural, A quarta parte do mundo é a história por trás desse mapa - nomeado em homenagem a Waldseemuller -, datado de 1507. Mil cópias dele foram impressas, porém apenas uma sobrevive. Descoberta em 1901, por acidente, em um castelo alemão, foi comprada pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos em 2003, pela inédita soma de 10 milhões de dólares. Cristóvão Colombo morrera em 1506 convencido de que navegara até a Ásia. No entanto, após Waldseemuller e Ringmann lerem sobre as descobertas atlânticas de Américo Vespúcio, chegaram a uma surpreendente conclusão: Vespúcio estivera na quarta parte do mundo. Para celebrar tal feito, imprimiram um mapa gigante, mostrando, pela primeira vez, o Novo Mundo cercado por água. Em homenagem a Vespúcio, deram-lhe um nome: América. O mapa é um tesouro histórico principalmente por dar nome ao continente americano. Mas envolve algo muito maior e mais complexo do que a descoberta do Novo Mundo: é um dinâmico mosaico de geografia e história, pessoas e lugares, verdade e ficção. Com uma proposta inovadora, Toby Lester traça as origens da visão de mundo moderna. Apesar do mapa marcar a época das grandes navegações europeias, sua narrativa corre através de continentes e séculos, focando em diferentes partes do artefato para revelar lendas antigas, ambições imperiais e profecias bíblicas. Lester apresenta, através de pesquisas e da leitura do objeto, personagens como Marco Polo, geógrafos e exploradores clássicos, Preste João e monges medievais. Até Nicolau Copérnico faz menção a Waldseemuller: ele deduz, a partir da nova geografia mostrada no mapa, que a Terra não poderia estar no centro do cosmos. Com um grande contingente de referências, o autor explica como os europeus e outros povos abandonaram ideias antes absolutas e expandiram seus horizontes, chegando a um novo entendimento do mundo ao longo dos anos.