No fim do século XIX, movidos por interesses políticos e diplomáticos, os chineses partiram em viagens de reconhecimento para o Ocidente. Este livro reconstitui o olhar inaugural desses viajantes, para quem a Europa era um continente desconhecido e exótico.
No fim do século XIX, movidos por interesses políticos e diplomáticos, os chineses partiram em viagens de reconhecimento para o Ocidente. Este livro reconstitui o olhar inaugural desses viajantes, para quem a Europa era um continente desconhecido e exótico.
Como Macunaíma, o herói do romance homônimo de Mário de Andrade, que, ao chegar a São Paulo vindo do fundo do mato-virgem, chamava elevador de sagüi-açu, os viajantes chineses que "descobriram" o Ocidente no final do século passado chamavam o mesmo elevador de quarto semovente. Torneiras, para eles, eram, com toda singeleza, pequenas cabeças-de-dragão. Só que o povo do Império do Meio se acreditava o umbigo do mundo. O resto era, por assim dizer, o seu bumbum - periferia, terra de bárbaros, incapaz de despertar-lhe o interresse. Até que, um dia, movidos pela Guerra do Ópio (a Inglaterra impôs pela força a introdução dessa droga na China) e por necessidades diplomáticas, assim como pela curiosidade de constatar in loco o progresso dos países industrializados da época, que, apesar de tão menores, conseguiam impor-lhes sua vontade, os chineses partiram em viagens de reconhecimento para o Ocidente. A primeira foi em 1866. Seguiram-se outras durante todo o período que se convencionou chamar de "Belle Époque", e são os relatos desses viajantes, traduzidos e comentados por um especialista de literatura e civilização chinesas, que compõem estas Novas cartas edificantes e curiosas do Extremo Ocidente por viajantes chineses.